sexta-feira, 3 de junho de 2011

Anti-heróis, Caminhada, Chupa!


Hank Moody: Fuma, bebe, fode

Ontem eu não saí de casa. Passei todo o meu tempo no Twitter, Facebook e no Buteco, acompanhando a atualização de status de pessoas que não conheço (@pecesiqueira ; @rafinhabastos; @edutestosterona), conversando com amigos enquanto estes trabalhavam (lembre-se, eu sou um desempregado) e tentando cavar alguma coisa de interessante na minha cabeça para servir no Buteco, que teve sua reinauguração ontem.

Não deu certo. Não consegui escrever nada e quanto mais o tempo passava o meu pensamento ficava escasso, talhado para refletir brevemente sobre qualquer coisa em 140 caractéres e com alguma veia cômica. Afinal de contas os supracitados fazem sucesso com isso. Falando coisas o tempo todo, que muitos acham engraçado, às vezes também eu, num perfil de falas que está muito próximo do Troll profissional. O sarcasmo e a acidez estão em alta. Efeito House? Hank Moody?Fico me perguntando quando esse tipo de pessoas começaram a ser valorizadas, idolatradas. De fato, são muito inteligentes.

Inveja? Claro! Eles gozam de um certo prestígio, de uma imagem pública forte, ainda que passível de críticas e fazem sucesso. Estão no topo de suas respectivas carreiras. O @pecesiqueira ainda está em processo de consolidação do estrelato (ele é dois anos mais velho do que eu apenas) e diz que as pessoas o criticam por ter saído do cenário underground e estar agora na MTV (programa PC na TV que passa na quinta-feira às 23h). A sua resposta é categórica aos que deixaram de falar com ele por esse motivo: “foda-se, eu sou rico agora!”. Na ocasião, Rafinha Bastos que estava no vídeo intitulado: PC Siqueira e Rafinha Bastos, Osama Bin Laden e Bananas, também responde categórico: Chupa!

@pecesiqueira: Chupa!

É isso. Todos nós chupamos. O tempo todo. Engolimos esse novo perfil superstar, os anti-heróis afiados, cortantes. A revolução dos nerds? Pode até ser uma resposta vingativa das constantes curtições e humilhações passadas (crianças podem ser cruéis) mas fato é: eles são ogros, sim. Interpretam esse papel de quem fala tudo que não é lugar comum e está por cima das demais mentalidades do mundo. Ou como diria Boris, personagem de Woody Allen, “eu sou o único que consegue ver todo o cenário”.

A outra verdade é, eles falam tudo aquilo que muitas vezes não temos coragem de dizer, mas pensamos. Talvez o maior representante disso seja o @edutestosterona. Esse machista inveterado, se é que ele existe, eu não o considero uma pessoa, mas sim uma ideia. Os seguidores o alimentam, retweetam, riem e xingam muito no twitter (mulheres nervosas). Fato é, as pessoas continuam seguindo, mesmo que seja para falar mal. É só eu que vejo algum tipo de problema nisso?

Muito bem. Hoje eu saí para caminhar. Foi bom. Moro em uma região de chácaras e faz frio pela manhã. Não ao ponto de sair fumacinha enquanto mijo (isso aconteceu comigo em Portugal no período de inverno, mas conto essa história em outro momento), mas de qualquer forma é um frio bom. Caminhei para colocar as ideias no lugar. Reconhecer os meus próprios pensamentos. Foi um pouco difícil  pôr esse fluxo nos trilhos e perceber que não precisava parar a cada 140 caractéres e tweetar uma nova opinião para o mundo.

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